A coinfecção HIV/Hepatites Virais
A hepatite C continua crescendo no mundo,
mas novidades no tratamento renovam as
esperanças das pessoas infectadas pelo HCV
mas novidades no tratamento renovam as
esperanças das pessoas infectadas pelo HCV
As hepatites virais representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pessoas vivendo com o HIV/aids. Como as vias de transmissão dos vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV) são as mesmas, a prevalência de HBV e HCV é maior em soropositivos do que na população em geral. "Dados mundiais do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids) mostram que, dos 40 milhões de infectados pelo HIV no mundo, 4 a 5 milhões também possuem o vírus da hepatite C; e 2 a 4 milhões, o vírus da hepatite B", afirma Ronaldo Hallal, Coordenador da área de Cuidado e Qualidade de Vida do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Coinfecções em alta
No Brasil, a prevalência da coinfecção HCV/HIV varia segundo fatores de risco, chegando a atingir 40%. As interações entre esses agravos são tantas que em fevereiro deste ano as coordenações de DST-Aids e Hepatites Virais se reuniram para a criação do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. "São agravos que guardam suas semelhanças, mas possuem diferenças e especificidades que devem ser resguardadas e garantidas. Portanto, não se trata de uma fusão de programas, mas da integração de ações para o fortalecimento da resposta em Aids, DSTs e Hepatites Virais", explica Hallal.
Medidas de prevenção
Por terem vias de transmissão semelhantes, as medidas de prevenção devem ser as mesmas: promoção do sexo seguro, uso de materiais médico-odontológicos-cirúrgicos descartáveis ou esterilizados e não compartilhamento de instrumentos pérfurocortantes, como seringas. Para a hepatite B, existe uma vacina disponível na rede pública, recomendada para uso em pacientes com HIV/aids não infectados pelo HBV. Estão incluídos ainda na cobertura vacinal crianças de um a seis meses e jovens dos 11 aos 24 anos. A partir de 2012, jovens adultos dos 25 a 29 anos também poderão receber a vacina pelo SUS. Certos públicos são cobertos independente da idade, como manicures, portadores de DSTs, doenças no sangue, entre outros.
Doses maiores
Para os soropositivos, existem especificidades quanto à vacinação. "Os pacientes portadores do HIV ainda não vacinados devem receber um volume maior da vacina anti-hepatite B em cada dose (dois ml ao invés de um ml), além de uma dose a mais (quatro doses no total)", explica Ricardo Andrade Carmo, infectologista e pesquisador do Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz e da Fundação Hemominas, em Belo Horizonte.
Ao final do esquema de vacinação, deve ser realizada a testagem dos níveis de proteção da vacina (verificados com a titulação do anticorpo anti-HBs). "O objetivo é assegurar que o usuário esteja realmente protegido da hepatite B. Esta dosagem do anti-HBs deve ser feita 30 a 180 dias após a última dose da vacina. Aqueles com resultados insatisfatórios (títulos menores que 10UI/ml) devem receber um novo esquema vacinal", diz Ricardo.
Tratamento e cura
Tanto a hepatite B quanto a C são tratáveis e têm cura, mas podem ter o estado clínico agravado pela imunodepressão pelo HIV/aids. Ricardo Andrade Carmo lembra ainda que pacientes coinfectados que utilizam antirretrovirais podem sofrer maior toxicidade hepática, o que exige um monitoramento clínico-laboratorial mais frequente por parte do infectologista.
É preciso estar atento às interações medicamentosas. "O interferon (peguilado ou não) e a ribavirina, combinados com alguns antirretrovirais, podem ter acentuados alguns de seus efeitos colaterais. Por exemplo, a associação da ribavirina com a zidovudina (AZT) deve ser evitada para diminuir os riscos de anemia, assim como a estavudina (d4T) e a didanosina (DDI), pelo risco aumentado de acidose metabólica", explica Ricardo. O infectologista lembra que, durante o uso do interferon, há, naturalmente, CRT DST/Aids-SP. uma queda da contagem de CD4 (em níveis absolutos), mas geralmente sem associação com risco maior de infecções oportunistas.
Medicamento para hepatite B
Para a hepatite B, existem drogas que atuam contra o HIV e o HBV, como a lamivudina e o tenofovir, e drogas específicas para a hepatite B, como o interferon, o adefovir e o entecavir. "Porém, merecem um cuidado especial em seu manejo por causa das interações medicamentosas, efeitos colaterais e possibilidade de resistência cruzada com o HIV", ressalta Ricardo.
INIBIDORES DE PROTEASE CONTRA A HEPATITE C Assim como aconteceu na epidemia de HIV/aids em meados da década de 90, dois inibidores de protease prometem revolucionar o tratamento da hepatite C já a partir do segundo semestre de 2011. Os estudos com as duas novas drogas contra o HCV foram apresentados em março, durante a 18 ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada em Boston. Os medicamentos estão em fase de aprovação pela Food and Drug Administration (FDA, a agência reguladora dos Estados Unidos) e pela Anvisa. Resultados promissores Um coquetel com três medicamentos, incluindo um dos novos inibidores de protease, revelou-se mais eficiente que as atuais terapias contra a hepatite C. Estudiosos avaliaram cerca de mil pacientes. Um grupo controle recebeu interferon peguilado e ribavirina por 44 semanas, enquanto um segundo grupo obteve o tratamento acrescido do novo inibidor de protease durante 32 semanas e um terceiro grupo foi tratado com as três drogas por 44 semanas. Como resultado, os participantes dos grupos tratados com o a nova droga mostraram taxas bem mais elevadas de resposta ao tratamento (59% e 66% nos grupos 2 e 3, contra 21% no grupo de controle). Coinfecção HIV/HCV Os resultados da pesquisa com o outro inibidor de protease apresentado durante a CROI também apontam para taxas elevadas de resposta terapêutica, quando utilizado em combinação com o interferon peguilado e a ribavirina. Além disso, os pesquisadores confirmaram a eficácia e a segurança deste novo medicamento em pacientes coinfectados HIV/HCV. Mark Sulkowski, da Universidade Johns Hopkins e coautor do estudo, ressaltou que atazanavir e efavirenz foram considerados os antirretrovirais mais adequados para o uso concomitante com a nova droga. Outra novidade na área é o estudo de fase II do inibidor de integrase TMC435, realizado em pacientes com hepatite C virgens de tratamento. Os resultados mostram que o TMC435 foi seguro e bem tolerado clinicamente e estudos de fase III já foram iniciados. |
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